Em cada dia de 2008, foram passados quase dois mil cheques "carecas", no valor de mais de 4 milhões de euros. As devoluções por falta de provisão subiram, no ano passado, e acrescentaram 230 milhões aos calotes de 2007. O cheque é cada vez menos usado como meio de pagamento, mas estão a aumentar em força os calotes feitos por este meio. No ano passado, diz o Banco de Portugal (BdP) no seu relatório de 2008, os bancos recusaram pagar 716 mil cheques por falta ou insuficiente provisão, ou seja, por a conta bancária da pessoa que passa o cheque não ter dinheiro suficiente para o pagar. Em valor, ficaram por saldar dívidas no total de 1,554 mil milhões de euros. Comparando com 2007, estes números mostram um aumento de 13% em valor e de 10% no número de cheques irregulares. Em média, cada cheque "careca" valia perto de dois mil euros. Apesar do aumento face ao ano anterior, a percentagem de cheques devolvidos por falta de provisão é pequena: foram dados como "carecas" 0,76% de todos os cheques compensados, contra 0,6% em 2007. Já os pagamentos feitos por Multibanco, transferência ou débito directo continuaram a aumentar. A rede de Multibanco destaca-se nos pagamentos de baixo valor, que já respondeu por oito em cada dez transacções, mas só a dois em cada dez euros que trocaram de mãos. Ainda estão em circulação quase 40 milhões de notas de escudos, que valem pouco mais de 196 milhões de euros. Apesar de o valor estar a baixar lentamente, ainda são quase 40 milhões de contos, a uma média de 50 euros (ou dez contos) por cada família, guardadas por coleccionadores ou saudosistas, ou ainda perdidas debaixo de algum colchão. À medida que o tempo passa, as pessoas vão trocando as notas que ainda possuem, tanto que há prazos para cada tipo de nota. Desde o ano passado, por exemplo, deixou de ser possível trocar por euros, no BdP, as notas de 500 escudos, com a efígie D. João II. Desta e de outras denominações, o Banco de Portugal trocou cerca de 260 mil notas de escudos, no valor de 5,44 milhões de euros, no ano passado. As notas de 20 e de 50 euros são as mais falsificadas, dizem as apreensões feitas tanto em Portugal quanto no resto da Europa. No ano passado, foram tiradas de circulação 11 683 notas que "valiam" 508 milhões de euros. Depois de uma quebra em 2007, no ano passado voltou a assistir-se a um aumento das apreensões de notas falsas - mais 27%. Apesar disso, as notas contrafeitas encontradas em Portugal representam apenas 2% de todas as apreendidas na Zona Euro.